A Judicialização da Saúde, especialmente a da saúde mental, especificamente a da dependência e abuso do álcool e outras drogas tem causado sérias distorções na rede de atendimento que foi construída em nosso país ao longo dos últimos anos que, apesar de não ser tão boa na prática quanto é no papel, poderia estar trazendo resultados mais efetivos com o uso mais eficiente de recursos humanos e financeiros do pequeno volume que nossos orçamentos em todas as esferas da república.
Nos preocupa, por conta da falta de estrutura da nossa justiça e de critérios destas decisões baseadas em liminares sem o devido respaldo técnico o encaminhamento sem bases em avalições de eletividade ou demanda real a não ser uma cultura de internação como panaceia para todos o males. Não se justificam a maioria destas internações compulsórias involuntárias em processos muitos semelhantes ao manicômio e outras infelizes instituições que acreditávamos estarem no passado do processo de saúde mental.
As opções de internações breves ambulatórios e clínicas dias, dos grupos de mútua ajuda, dos CAPSAD e outros programas municipais de saúde mental foram descartados ou são sistematicamente ignorados pelas famílias, pelos dependentes/abusadores e pelo Estado em conflito com os interesses de prevenção, reabilitação ou redução de danos.
Os custos financeiros e a falsa ideia de tratamentos miraculosos, de bases no senso comum de excluir ou vitimizar os atores envolvidos neste verdadeiro drama social e de saúde pública, bases terapêuticas reducionista do ser humano a uma única dimensão seja religioso, seja medicamentoso, seja neurofisiológico é uma etapa que os países que tratam desta problemática com seriedade, como política de Estado e não como política de governo, de partidos ou de denominações religiosas.
Precisamos retomar a sanidade e a responsabilidade que perdemos ao tratar desta forma tão pouco efetiva algo que trás para as famílias, o orçamento público (saúde, segurança, assistência social, seguridade social, etc.) e para o Brasil que já padece de tantos infortúnio e desmandos. Não perdemos a esperança, acreditamos sempre, embora não sejamos crédulos.
O Poder executivo precisa urgentemente abrir canais com o Poder Judiciário e o Ministério Público para frenar estas distorções que tanto mal tem feito ao sistema de prevenção e reabilitação.